O absurdo é só rotina
No Brasil o absurdo virou rotina, cara de pau, falta de critério, para não dizer falta de sensibilidade, ou falta de vergonha na cara para fazer o malfeito com a sem cerimônia de quem não precisa do serviço, por isso quer que tudo se exploda.
O governo federal cortou sessenta por cento dos recursos da Farmácia Popular, o programa do Ministério da Saúde que fornece o indispensável para a população de baixa renda tratar da saúde e de suas necessidades básicas, como fraldas geriátricas.
Não, ninguém no governo falou que isso é um absurdo e o Ministério da Economia com sua proverbial falta de compaixão com tudo que não seja a reeleição de quem quer ser reeleito, tocou em frente, sem olhar para o lado, pouco se lixando para os milhões afetados pela barbaridade.
Se você acha que o Ministério da Saúde se levantou contra a medida, você está redondamente enganado. O Ministério só sugeriu, porque achou que menos gente prestaria atenção, que os cortes fossem feitos nas verbas de custeio dos procedimentos de média e alta complexidade.
Afinal, estas já não dão conta do recado faz tempo, cortar mais um pouco dava na mesma e o governo jogava a culpa nos hospitais filantrópicos e misericórdias que carregam o piano com enormes prejuízos para atender a população que o governo não cuida, nem quer cuidar.
Sabe para onde foram remanejados os recursos retirados do programa? Isso mesmo, para o bolso de parlamentares que vão usar mais de um bilhão de reais em projetos secretos, enquanto a população de baixa renda fica sem o mínimo indispensável para sobreviver com uma vaga noção de dignidade.
É isso que o governo dá. Tanto faz o que ele promete, o que chega na ponta são absurdos como este. E dane-se a nação, a direita e a esquerda.
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