O que as mulheres querem

[Crônica do dia 4 de fevereiro de 1999]

Faz poucos dias, durante um almoço no restaurante Viela, conversando com uma das sócias, que é amiga de meu de pai, a discussão entrou no campo do que as mulheres querem, nestes tempos de consolidação da emancipação, conseguida a ferro e fogo ao longo das últimas décadas.

Confesso que ainda tenho algumas dúvidas a respeito de todo esse sucesso, e acho que muitas das vitórias, de verdade, foram derrotas enormes, já que lhes tiraram uma série de vantagens, vendidas à época como subserviência ou diminuição de seu status, mas que faziam a diferença entre viver bem e ter que se matar de trabalhar, sendo que, no fundo, o que estava em jogo era um salário mais ou menos igual.

O duro é que um número muito grande de mulheres confundiu emancipação com ser mal tratada e hoje é raro a gente ver alguém abrindo uma porta de automóvel, ou acendendo um cigarro, ou puxando uma cadeira para uma mulher.

Indo na cola das americanas, que são diferentes de tudo que existe no mundo, uma quantidade imensa de mulheres brasileiras, sem saber muito bem o que queria, acabou quase que encerrando com um dos capítulos mais bonitos do ritual de convivência entre os sexos.

Ser bem tratada não quer dizer ser diminuída. Muito pelo contrário, não tem mulher que não goste de ganhar flores, como não tem mulher que não goste de ser elogiada.

Abrir a porta de um automóvel para ela entrar, puxar-lhe a cadeira, ascender-lhe o cigarro, não são agressões deliberadas contra sua autoestima, mas sim pequenos gestos que realçam a sua importância. Que mostram justamente o contrário: que, para o homem, ela é o ser superior, ela é a mais importante.

Ainda bem que as modas passam, as bandeiras de luta envelhecem e as mulheres aprendem depressa. Não tem nada mais feio do que uma mulher abrutalhada, querendo parecer homem.