Gal Costa
Eu estive uma única vez com Gal Costa. Faz muito tempo. Foi em Olinda. Na época, ela atendia por Maria da Graça e era uma graça.
Foi durante uma viagem incrível feita com o José Cássio para o Nordeste. Nosso amigo Dudu Pereira de Almeida estava morando em Olinda e, no meio do caminho para o Rio Grande do Norte, fomos visitá-lo. Foi ele quem nos levou a um pequeno bar onde iria se encontrar com seus amigos baianos, Caetano e Gil. Gal estava com eles.
Sempre fui fã de Gal Costa, da mesma forma que sempre fui fã de Bethânia, Caetano e Gil. “Alegria, Alegria”, “Domingo no Parque”, “Lunik 9”, a Tropicália e tantas outras músicas, ao longo de décadas, foram as companheiras perfeitas para situações de todos os jeitos, em todos os lugares, inclusive quando morei na Alemanha.
Gal tinha uma voz privilegiada, uma das vozes mais perfeitas do Brasil. Eu não sou especialista, nem tenho ouvido musical, mas seu canto soava mágico, tanto fazia a música ou o ritmo que ela cantasse.
“Meu nome é Gal”, “Baby”, “London, London”, “Objeto não Identificado”, “Festa do Interior” e tantas outras, entre elas, clássicos da música brasileira. Eu ficava alegre todas as vezes que a ouvia. Sua voz faz parte da minha história, ou das lembranças da minha história, nas músicas cantadas por ela que eu ouvi ao longo do caminho, inclusive nas noites geladas do inverno de Hamburgo.
A morte de Gal Costa abre um claro na música brasileira, diminui uma das músicas mais ricas do mundo, cortando uma voz maravilhosa que cantava músicas maravilhosas antes do tempo, se é que é possível se falar em antes ou depois no momento da morte.
Gal foi um marco na vida, na música, na atitude e na contestação. Com certeza ela vai fazer falta. Que a eternidade lhe seja leve…
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