Um momento de beleza
[Crônica do dia 14 de dezembro de 2009]
A beleza justifica. Um momento de beleza faz o feio e o ruim perderem o sentido diante da magia contagiante que o deslumbramento cria. Tanto em paz interior, como no arrepio que sobe pelas costas, numa sensação física de enorme bem estar.
Mas o que é a beleza? Como definir o belo, colocar em palavras uma sensação única, que vai além da possibilidade das línguas e que transcende a compreensão, aproximando o humano do divino?
O que é belo? Um pôr do sol visto da USP? A nona de Beethoven? O concerto para flauta e harpa de Mozart? A Vênus nascendo do mar no quadro de Botticelli? O menino e o cavalo de Picasso?
O que é belo? Uma tempestade de verão? Um trem partindo? Um veleiro perto da costa?
O que é mais belo que as formas do corpo da mulher? O que é mais belo que a mulher?
O que é mais belo que um soneto? Que os versos de Fernando Pessoas, de Vinícius de Moraes ou de Paulo Bomfim?
A beleza é inexplicável, mas é concreta e nos atinge fisicamente. Vai muito além da ideia de um conceito teórico.
A beleza não é teoria, é prática.
Existe em cada um de nós e surge nos momentos certos, nos quais a conjugação de fatores internos e externos explode num instante único. A festa do centenário da Academia Paulista de Letras, no CIEE, foi um destes momentos.
Foi curta, bela e rica. Mas acima de tudo foi comovente, especialmente em seu final, com o maestro João Carlos Martins e seus pupilos mostrando que está em nós fazer a beleza superar a adversidade.
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