Uma final fascinante
[Crônica do dia 04 de junho de 1998]
Quando a Eldorado decidiu que era hora de criar um concurso de música instrumental brasileira, a direção da rádio estava dando continuidade à ideia que há anos levou à criação do Prêmio Eldorado de Música, já consagrado e responsável pelo lançamento no cenário artístico nacional de mais de um nome de muito talento, que, sem o prêmio, demoraria bem mais para obter o seu reconhecimento.
Por conta da falta de espaço comercial para a música instrumental no mercado brasileiro, o concurso foi pensado para divulgar este músico, abrindo-lhe portas que as gravadoras dificilmente abrem, por conta da baixa vendagem deste tipo de música se comparada com os campeões do porte da música sertaneja, do pagode, do axé e das música infantis, cantadas normalmente sem talento, mas que vendem milhões de discos.
O concurso se estendeu por um bom tempo, em seleções as mais complicadas e difíceis, porque, como disse um dos jurados na abertura da final, “não há como se comparar dois instrumentos tão diversos como um contrabaixo acústico e um piano”.
Aliás, eu nunca imaginei que um violão-celo, que não se chama violão-celo, mas contrabaixo acústico pudesse tocar fosse lá o que fosse, além de um tum, tum, tum, bastante limitado.
E o bicho toca! Toca ao ponto de ganhar o concurso, dividindo o prêmio comum piano, que também deu uma lição de interpretação.
O curioso é que o contrabaixo acompanhou a apresentação do piano, que também acompanhou a apresentação contrabaixo.
Mas se eles foram os vencedores, os outros concorrentes não ficaram devendo nada para ninguém. Eles deram um show, que foi lindamente fechado por um bandolim que levantou a plateia.
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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.