Saudades de tio Ruy
Outro dia, zapeando a televisão, dei com uma cantora cantando “Don’t cry for me Argentina”, o sucesso do musical “Evita” que até hoje me comove, mas que fazia muito tempo que eu não escutava.
Adoro a música desde a primeira vez que a ouvi, na metade da década de 1970. Mas mais do que simplesmente gostar, essa música me traz uma série de lembranças felizes, entre elas, meu tio Ruy, figura constante na minha vida, da minha primeira infância até sua morte, já no século 21.
Tio Ruy é dessas pessoas que não é possível esquecer e que teve profunda influência no que eu sou. Foi ele quem disse, na piscina da fazenda, “Tem gente que nasce com o direito de exigir e tem os que nascem com a obrigação de pagar. Vocês (meus primos e eu) estão na segunda categoria”.
Se alguma frase teve impacto na minha vida, foi essa. Mas tio Ruy fez mais. Graças a ele, eu não como nhoque e, aprofundando o tema, descobri que não como nhoque porque nhoque não existe.
A lógica é simples, nhoque é como uma cidade que não vou citar o nome, mas que é muito ruim. Essa cidade é um pesadelo, portanto, é um sonho. Como sonho não existe, essa cidade não existe. Como nhoque é igual a ela, o nhoque também não existe.
Mas voltando a tio Ruy, ele está presente no Pacaembu, em Louveira, no Guarujá, em Cananéia, no Albardon, navegando pela costa paulista até o Rio de Janeiro, em viagens memoráveis e inesquecíveis.
Está presente em aventuras mágicas, em histórias maravilhosas, em momentos marcantes, como minhas posses como Acadêmico e depois como Presidente da Academia Paulista de Letras.
Tio Ruy, que saudades! Onde você estiver – espero que você e papai sigam juntos nos fins de tarde da eternidade – muito obrigado por tudo!
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