O trânsito nas férias
Em janeiro, o trânsito dá sossego. É o contraponto para dezembro, quando as ruas paulistanas ficam completamente travadas, graças a uma soma perversa entre a incompetência da CET, a falta de educação de uma parte dos motoristas e a falta de competência para dirigir de outra.
Não é uma soma entre iguais. A CET sabe das deficiências desses dois blocos e se vale delas para piorar o que já está péssimo.
Quem paga o pato é a população, que não consegue chegar em lugar nenhum vagamente perto da hora, tanto faz sair mais cedo ou não. As ruas estão “gordicamente” travadas e não temos nenhum Alexandre da Macedônia para cortar o nó e desentupir os caminhos.
Ninguém pode mais, por isso todos choram mais, ou ficam mais irritados, o que só aumenta ainda mais a irritação porque, como não tem o que fazer, fica-se remoendo o quadro, até ter vontade de descer do carro, largá-lo no meio da rua e tocar em frente a pé.
Como se não bastasse, o congestionamento é perfeito para ladrões de todos os tipos aperfeiçoarem suas técnicas, seja ou não com violência, desde quebrar o vidro do carro até informar que a arma está na cintura e que “na moral” é melhor passar o celular.
É melhor colaborar e sair vivo. A alternativa é muito pior. E a turma do assalto não tem pensado duas vezes em atirar para matar, ainda que por meros quinze reais.
A única coisa boa é que, quando vemos marronzinhos, invariavelmente eles estão batendo papo, então não atrapalham o que já está ruim.
Ainda bem que estamos em janeiro e janeiro dá sossego para o povo.
As ruas seguem sem marronzinhos ou, quando tem, estão batendo papo e, como os maus motoristas saíram de férias, fica tudo mais fácil, com ou sem semáforos funcionando.
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