Um retrato todo errado
As cenas dramáticas de centenas de Yanomami depauperados, reduzidos a pele e ossos, como os sobreviventes dos campos de concentração nazistas, nos dá uma certeza e várias perguntas.
A certeza é simples e direita: Está tudo errado.
As perguntas vão de quem é o responsável, até como deixaram isso e outros absurdos, como milhões de pessoas em situação de vulnerabilidade para a fome, acontecer. No meio cabem muitas outras, com e sem respostas, mas todas com uma conclusão. Temos que entender o que aconteceu, quem fez, quem não fez e responsabilizar com todos os rigores da lei quem está direta ou indiretamente atrás desse crime.
Ninguém chega na situação de penúria mostrada pelas imagens dos yanomami deitados completamente desamparados do dia para a noite. Isso é um processo que leva tempo. Não acontece em 24 horas e é a soma de uma série de ações e omissões que precisam ser apuradas a fundo.
Uma coisa é considerar os povos originários cidadãos de terceira classe, como ainda acontece, outra é deixá-los sem qualquer assistência médica, alimentar ou social, como que deliberadamente pensado para exterminá-los pela inanição.
As terras yanomami estão no norte do Brasil, na região mais abandonada de todas, onde a falta da presença do Estado teve como consequência a explosão da criminalidade, em ações de todas as naturezas, basicamente explorando descontroladamente o ecossistema.
Neste momento, o mais urgente é reverter o quadro de horror que atinge os yanomami. Em seguida é necessário identificar os responsáveis. Mas mais importante do que tudo é tomar as providências necessárias para implantar as ações para que um quadro como este nunca mais possa voltar a acontecer. Ele nos envergonha perante o mundo.
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