Uma noite que valeu a pena

[Crônica do dia 31 de maio de 1999]

Um texto inteligente e duas atrizes sensíveis significam obrigatoriamente uma boa peça. No caso de a “Dona da História” o resultado foi uma peça ótima.

O texto, elaborado com graça e talento, permite que as duas atrizes naveguem do trágico ao cômico, num cenário despojado que realça ainda mais seus talentos, revelados na entonação de voz, nos gestos, no jeito de olhar, sempre sincronizados e com um timing fantástico.

Contar a peça, ou fazer sua crítica não cabe aqui. Eu não quero ser estraga-prazer de ninguém, e não sou crítico, nem tenho competência ou vontade de sê-lo.

Só quero dizer que eu achei a peça uma delícia é que vale a pena assisti-la, pelo texto e pelas interpretações maravilhosas de Marieta Severo e Andréa Beltrão, que dão um show em cima do palco.

Mas se a peça é ótima – e é! – o que me comoveu na noite em que fui assisti-la vai um pouco além de um simples programa gostoso, numa noite fria de outono paulistano.

A Marieta Severo e a Andréa Beltrão doaram a bilheteria da peça, nessa noite, para o Instituto Pró Queimados, o que foi uma iniciativa maravilhosa, em favor de um trabalho maravilhoso e que lotou o teatro Cultura Artística com gente que ia do vice-governador Geraldo Alckmin e do ministro José Serra, até simples mortais, que foram lá colaborar com a Mira Falchi e assistir uma ótima peça de teatro.

A Mira Falchi é a idealizadora e a locomotiva do Instituto Pró Queimados, que ela fundou para dar suporte ao atendimento dos queimados nos hospitais brasileiros.

Pode parecer incrível, mas a Mira, por razões que não vêm ao caso, descobriu que os queimados, nos nossos hospitais, são mal atendidos, por falta da infraestrutura necessária.

E é isso que o Instituto Pró Queimados vem fazendo: lutando para dota-los com o indispensável para atender as vítimas de um dos acidentes mais terríveis que existem.

Foi por isso que a noite contada nessa crônica foi tão boa.

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