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Jair Rodrigues

[Crônica do dia 10 de maio de 2014]

Ontem ouvi um CD que gravei logo depois que meu pai morreu, com as músicas que ele gostava. A primeira é Disparada. Ele adorava a música, a interpretação do Jair Rodrigues e o som da queixada de burro.

Disparada dividiu o primeiro lugar do Festival com a Banda, que também está no CD porque meu pai adorava “a moça feia debruçou na janela pensando que a banda tocava pra ela”.

O CD além de me lembrar meu pai, me lembrou Jair Rodrigues e Elis Regina, quando a televisão era em preto e branco e tinha fantasma, cantando o pot-pourri mais bonito que ouvi na minha vida. A primeira música do long-play “Dois na Bossa”, clássico absoluto da música nacional.

Jair Rodrigues e Elis dão um show. Aliás, foi por causa do sucesso do show onde pela primeira vez cantaram as músicas do disco que ganharam um programa chamado o “Fino da Bossa” na então grande televisão brasileira, a TV Record.

Os dois davam liga e formaram um dos pares mais fantásticos da música popular de qualquer lugar do mundo, em qualquer época.

Depois, Jair foi convidado a cantar “Disparada” no Festival da Record. A música de Geraldo Vandré não podia ter outro intérprete. Jair carregou o sucesso emprestando sua voz única, forte e alegre, para uma composição marcante, num ritmo rápido, com uma letra deslumbrante.

Se ele já era sucesso, ficou mais famoso ainda. Se alguém ainda tinha alguma dúvida, do “Festival” em diante, Jair Rodrigues estava consagrado como um dos maiores cantores brasileiros.

Mas ele nunca perdeu a humildade, o carinho e o interesse por todas as pessoas. Jair era como São Pedro recebendo a Irene de Manuel Bandeira no céu: “Pode entrar você não precisa pedir licença”. O Brasil mais que um grande artista perdeu um grande ser humano.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.