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Abriram os túneis

[Crônica do dia 20 de setembro de 2004]

Abriram os túneis da Rebouças e da Cidade Jardim. O resultado foi muito pior do que o esperado. Ninguém tinha esperanças de que as coisas melhorassem muito, só por causa deles, mas as coisas não melhoraram nada. Aliás, elas pioraram muito.

Antes dos túneis o quadro era ruim, mas não chegava a ser péssimo. Com as obras para sua construção, as coisas pioraram mais, ficando péssimas. E, como foi genialmente dito por um ex-presidente da CET, era de se esperar que os túneis abertos resolvessem o trânsito até o sinal seguinte estar fechado. Só que as previsões eram otimistas demais, o bolo aconteceu antes do sinal seguinte. Foi na boca dos túneis mesmo.

Eu só passei pelo da avenida Cidade Jardim, que, apesar de estar com tudo em volta de ponta cabeça, depois que abriram os da avenida Rebouças até saiu dos noticiários, porque perto dos outros, ele está ótimo.

É um túnel no estilo do túnel Ayrton Senna, sem nada de extraordinário, exceto não ser reto, como deveria ser um túnel que não tem qualquer razão prática ou aparente para ter pequenas curvinhas ao longo de todo o percurso.

Mas o que impressiona é a falta de visão no planejamento do que deveria acontecer dentro dos túneis e, principalmente, nas saídas e depois delas. É óbvio que dois mais dois caindo só em dois, que na saída podem virar um, não cabe. O gargalo é justo demais e dois, pelo menos, têm que ficar um pouco para trás, esperando para entrar.

E aí o resultado também é óbvio. A fila atrás aumenta. Como na saída a situação não muda, e logo depois tem sinal, seja no sentido que for, para a frente a fila não escoa e, portanto, aumenta mais a de trás, complicando muito o que antes era só complicado. Por isso tudo, Deus tenha piedade dos paulistanos.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.