Coitada da Avenida São Luís
A avenida São Luís foi das avenidas mais bonitas e finas da cidade. Seus prédios, boa parte de alto padrão, mesmo depois de alguns deles serem transformados em escritórios, seguiram sendo bem cuidados, limpos, em sintonia com a rua, as calçadas e o asfalto.
Em suas esquinas pontificavam o Edifício Itália, o Conjunto Zarvos, a Galeria Metrópole e, ao longo do percurso entre eles, o forte eram as agências de turismo e as casas de câmbio. Mais ou menos no meio da avenida, a Praça D. José Gaspar se diferenciava, com a biblioteca e os engraxates em volta.
Os restaurantes faziam a diferença. O Terraço Itália está aberto até hoje, mas os outros fecharam as portas faz tempo, com a cidade perdendo alguns ícones da gastronomia no Conjunto Zarvos e na Galeria Metrópole.
Fazia tempo que eu não caminhava pela Avenida São Luís. Quem conheceu a avenida diferenciada, mantendo a classe no meio do centro decadente, não vai reconhecer o pedaço. Grande parte das lojas está fechada, com placas de vende-se ou aluga-se e a certeza de que não serão vendidas nem alugadas porque o entorno está completamente deteriorado.
As calçadas estragadas são um convite a queda, num tropeção num buraco mais esperto. Mas, além de estragadas, estão quase vazias, expondo o descaso e o abandono que assustam as pessoas.
Medo não é uma palavra imprópria para descrever o que se sente andando pelo antigo endereço que tinha cara de Europa e fazia diferença na comparação com as ruas próximas.
Agora a Avenida São Luís aderiu ao tom que a rodeia. Está tão abandonada quanto as outras ruas da região e não há nada que indique que, pelo menos no curto prazo, vá se recuperar do tombo.
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