O puxador de cavalo
[Crônica de 10 de dezembro de 2002]
São Paulo é uma cidade incrível, destas que só existem em desenho animado ou estória da carochinha. As coisas que acontecem aqui são quase que inacreditáveis, o que faz da maior cidade da América do Sul um verdadeiro circo, onde as ruas são os picadeiros e as casas e prédios as arquibancadas.
E o circo é rico, inclusive em animais. São capivaras, jacarés, pacas, onças, leões, aves de todos os tipos e tamanhos, para não entrar na infinidade de animais de estimação, desde aranhas e cobras até girafas e elefantes, que vivem por aqui.
É um universo variado restrito numa área relativamente pequena, onde dezesseis milhões de desgraçados dividem o espaço com outros alguns milhões de bichos os mais estranhos e os mais normais, numa democrática ocupação do solo, como se a regra internacional fosse esta e por isso fosse normal cavalos e vacas galopando pelas marginais.
No entanto, é comum acontecer. Volta e meia e com mais frequência do que as capivaras, cavalos e vaca entram numa das pistas das marginais, saídos de algum pasto improvisado, armado num terreno com capim alto, onde os donos os soltam para pastar.
Aí a avenida expressa se transforma em pista de rodeio, com marronzinhos, como peões de boiadeiro, correndo atrás deles para laçá-los e retirá-los rapidamente e evitar um acidente mais sério.
É uma cena antológica, ver um marronzinho de moto, puxando pelo laço uma vaca ou um cavalo magro, para fora das pistas da Marginal.
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