A mão de obra está cada vez pior

Se você espera encontrar os artistas que fizeram os trabalhos do Liceu de Artes e Ofícios famosos, esqueça. Não tem mais… Aliás, não tem nada vagamente comparável. É triste, mas é a realidade nacional.

Não que a realidade do mundo seja muito diferente, não é. Os grandes artesãos, os especialistas que faziam trabalhos que duravam para sempre são raça em extinção. Não tem mais, como não tem dinossauro, nem cavaleiro templário. Os primeiros foram engolidos por um asteroide, os segundos, pelo rei da França, que deu um calote nas suas dívidas da forma mais simples possível: matou os credores.

Cada um dança conforme a música e o calo no dedinho esquerdo deixam. Uns podem mais, outros podem menos, mas, no final, quem perde é o mundo, cada vez mais distante de uma ordem onde as coisas eram feitas para durar, ou pelo menos com algum capricho – bons hábitos que se perderam ao longo dos anos.

Se fosse só a mão de obra já seria complicado, mas a queda na qualidade dos materiais não ajuda em nada. O que durava quatrocentos anos, hoje mal e mal dura cinco e tem gente que diz que dura menos.

É triste para quem tem móveis e objetos antigos, como é triste para quem tem imóvel um pouco mais velho. Não encontra quem refaça os percalços consequentes do tempo, nem tem a menor indicação de onde pode encontrá-lo.

O duro é que a tendência de queda segue firme e forte e é agravada pela falta de gente competente para formar os novos especialistas. 

Como canta o antigo provérbio napolitano: “quem pode não quer, quem quer não pode”. Quem sabe não faz, quem faz não sabe. E assim o mundo vai mal.