Helena Lopes em São Paulo

São Paulo é arte, é cultura e efervescência intelectual na Universidade, nos palcos, nos museus, nas ruas, muros e paredes. Dentro e fora, a cidade cria, se transforma, inventa, reforma, no ritmo alucinante da respiração de seus onze milhões de habitantes.

A USP, o MASP e a Sala São Paulo falam pelo oficial, mas quantas paredes gritam o informal, tão rico e tão sofisticado como o violino tocado numa estação de metrô.

Aberta, curiosa e generosa São Paulo se abre para os que são daqui e recebe os que vêm de fora, do Brasil e do exterior, Tina Turner no MIS, Kobra nas fachadas, Clovis Graciano nas avenidas e Helena Lopes chegando em Pinheiros.

Dia sete abre sua exposição, “Do chão para o chão” e autografa seu livro, Na Vila Mandaçaia Projetos, na rua Mateus Grou.

“Do chão para o chão” é o resultado, a narrativa, de sua busca de um passado escondido atrás de arame farpado, no leste europeu da Segunda Guerra Mundial, trágico contraponto para a tragédia que se repete nos dias de hoje nos campos da Ucrania.

Helena Lopes não começou ontem. Sua carreira volta no tempo para os meados da década de 1980, quando trabalha com gravura e se consolida depois de 1990, quando começa uma longa série de exposições no Brasil e no exterior. 

Radicada em Brasília, a artista, vem a São Paulo mostrar a força de sua obra, marcada por peças impressionantes pelo caráter e consistência dos materiais e das formas.

Em “Do chão para o chão” Helena Lopes em sua narrativa reinventa os versos de Fernando Pessoa: o poeta é um fingidor, finge tão completamente que parece dor a dor que deveras sente”.