4 anos sem Paulo Bomfim

No dia 7 de julho de 2019 o poeta Paulo Bomfim decidiu que era hora de mudar de plano e foi para a eternidade reencontrar seus antepassados que não voltaram do sertão, seu pai, sua mãe, seus parentes e amigos, mas principalmente a Emmy. A extraordinária companheira de grande parte de sua caminhada, recheada de aventuras e histórias bonitas nesta terra que é o que Deus nos deu para tentarmos ser felizes.

4 anos sem Paulo Bomfim. Para quem estava com ele pelo menos duas vezes por semana é um tempo longo. Um tempo em que a falta de nossas conversas deixa menor, menos alegre, mais monótono.

Paulo Bomfim sucedeu Guilherme de Almeida como o poeta de São Paulo, o grande poeta de São Paulo, o guardião da memória de 1932, o menino vestido de soldado que atravessava o Viaduto do Chá enquanto os soldados paulistas combatiam por um outro Brasil, que até hoje nós também ainda não vimos chegar.

Acima de tudo Paulo Bomfim foi um homem bom, no sentido exato do termo. Íntegro, corajoso, leal, generoso dono de enorme compaixão, ele se abria para o mundo e na sua simplicidade sofisticada, agradecia a poesia maravilhosa que é estar vivo e se deixar levar pela vida.

A ausência do meu amigo não dói. Ele está espiritualmente todos os dias ao meu lado e eu converso longamente com ele, conto o bonito e o não tão bonito e peço sua ajuda para que ele me dê um pouco da sua experiência para ficar mais fácil enfrentar os desafios da existência.

O poeta me sorri, me dá um pouco da sua paciência e muito do seu pudor para atravessar os rios e os barrancos deste mundo.

Sentado no terraço da Fazenda Himalaia da eternidade, junto com os que ele queria bem – o pintor Dudu Santos acaba de juntar a eles – tem tempo para se lembrar de mim e ele me dá o rumo na jornada desconhecida.