Droga K
O mundo das drogas é brutal, cruel e devastador. É claro que elas não são iguais, nem seus efeitos semelhantes. Algumas são muito mais pesadas e seus efeitos são, invariavelmente, uma sentença de morte, irreversível, torturante, sofrida e triste.
Não se trata de fumar maconha ouvindo Pink Floyd, num fim de tarde de verão, com as ondas quebrando na praia e o pôr do sol tingindo o mar. A viagem é em outra direção e o abismo no final não perdoa, cobra seu preço, destrói aos poucos, como o pescador que dá linha, depois puxa e deixa o peixe nadar de novo, de novo e de novo, até cansá-lo e embarcá-lo no ritmo certo, no zumbido da carretilha confirmando a pescaria.
Não é preciso mais do que andar pelo centro de São Paulo para ver os efeitos devastadores das drogas sobre o ser humano. O que se vê são zumbis se arrastando de um lado para o outro, dormindo nas portas dos prédios ou mesmo no meio das ruas, cercados pela sujeira, a miséria e a falta de esperança.
Quem não quiser viver a experiência ao vivo pode ligar qualquer canal de TV e assistir a marcha mórbida dos moradores da Cracolândia se arrastando de um lado para o outro ou atacando lojas e pedestres, movidos pelo desespero de arrumar alguma coisa de valor para trocar por uma pedra de crack ou, mais recentemente, por uma porção de Droga K, a nova sensação do pedaço, capaz de matar mais rapidamente do que o crack, depois de levar a uma viagem alucinante e depressiva, cheia de medo e dor.
Combater o crime organizado é muito complicado. E quem controla o tráfico de drogas são organizações extremamente bem montadas e administradas, que furam os bloqueios policiais e invadem a sociedade, trocando sonhos e vidas pelas drogas brutais que matam e destroem. A sociedade não pode baixar a guarda. Essa luta é de vida ou morte.
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