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Ele teria alguma chance?

Está na história dos santos que São Francisco fez voto de pobreza, abriu mão da herança paterna e andava pelos caminhos da Itália pregando a palavra de Jesus segundo sua interpretação, na qual o filho de Deus amava os pobres, os retos e os misericordiosos.

Apesar de ir na contramão da igreja da época, em vez de acabar na fogueira, julgado herético, como tantos outros com versões parecidas com as dele, São Francisco acabou recebido pelo Papa, que aceitou suas posições e o autorizou a fundar a ordem que leva seu nome e que tem como base moral fazer o bem e o voto de pobreza.

Tem quem tenha simpatia pelo Santo, tem quem não tenha. Para mim, a história de São Francisco tem um significado fundamental para dar rumo à vida, mesmo nos dias de hoje.

Não sei se a violência atual é proporcionalmente maior do que a violência dos dias de São Francisco. Naquele tempo, a plebe com fome não hesitava em atacar os ricos e os senhores da igreja. Foram tempos de extrema comoção, com a ordem estabelecida desafiada pela penúria da população. Foi aí que São Francisco se apresentou como o que modificaria a ordem das coisas, o que traria esperança para o povo. E a Ordem Franciscana ganhou corpo e produziu alguns dos maiores nomes da Igreja.

Passados tantos séculos, minha pergunta é simples: será que São Francisco teria alguma chance nos dias de hoje? Será que seu jeito manso e sua palavra de fé e esperança na misericórdia divina teria algum impacto nas periferias do mundo, onde milhões passam fome e vivem esquecidos pelos poderosos? Será que sensibilizariam os poderosos e os ricos?

Não sei, não, mas tenho minhas dúvidas se o Santo não seria executado na primeira quebrada ou numa rua de comércio popular, vítima de um assaltante de celular ou de alguém mandado para queimar o arquivo.

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Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.