23 de maio

[Crônica de 23 de maio de 2003]

Hoje se comemora o Dia do Soldado Constitucionalista. 23 de maio é mais do que o nome de uma avenida importante da cidade de São Paulo, é a data que, em 1932, caiu o primeiro sangue paulista, na longa luta rumo a democracia plena, que só vai se tornado realidade agora, 70 anos depois.

O que São Paulo queria em 1932 não era se separar do Brasil, nem manter as velhas tradições dos coronéis que só agora começam a ceder e a permitir que o Brasil ande pra frente.

Em 32 uma grande parte da população paulista era de imigrantes e seus descendentes. O maior complexo empresarial do país era o Matarazzo, uma das maiores fortunas era a da família Bigthon, e famílias como Crespi, Lunardelli e Jafet já participavam ativamente das grandes decisões de investimentos, fazendo de São Paulo um enorme caldeirão onde nomes tradicionais somavam com os novos brasileiros na construção de um novo futuro, mais rico, mais responsável e mais livre para todos os brasileiros.

São Paulo no final de 32 perdeu. Mas se perdeu uma batalha completamente desproporcional, 70 anos depois começa a ganhar a guerra, primeiro com Fernando Henrique e agora com Lula, que é o que o filho lógico do movimento começado naquela época.

O soldado Constitucionalista comemorado e esquecido hoje, é o brasileiro típico que todos os dias sai de casa, atrás do pão nosso de cada dia e de um futuro melhor.

É tudo que os paulistas sempre foram, mas acima de qualquer outra coisa, alguém que preza sua liberdade ao ponto de não temer morrer por ela.
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