Igreja de Santa Izabel Rainha
[Crônica de 11 de abril de 2001]
São Paulo tem centenas de igrejas, eu sei, e sei também que, por isso mesmo, jamais vou saber ao certo quantas são, onde estão e como devo fazer para conhecê-las.
Entre elas tem uma que me impressiona muito, mesmo sem ao menos saber onde fica, ou que aspecto tem. Quem me falou dela foi o Geraldo Nunes, nosso anjo da guarda de helicóptero, que sobrevoa a cidade todas as manhãs para nos poupar das penas do inferno, dando em troca um purgatório tolerável, exceto nos dias que Deus está realmente bravo e aí para tudo.
É a igreja de Santa Izabel Rainha. Só pelo nome, ela impõe. Impõe e me faz pensar numa igreja grande, com ar imponente e até uma certa soberba, indesejável nas igrejas. Diz o Geraldo que é mesmo uma igreja imponente, que lhe serve de marco para saber onde está, quando voa sobre São Paulo.
Santa Izabel Rainha, O nome me traz à mente a figura da rainha portuguesa que tinha este nome e que era verdadeiramente santa. Mas será que a Santa Izabel Rainha da igreja é a grande rainha da casa de Avis, que arrancou da borda dos mares os contornos do império?
Gostaria que fosse, mas não sei. Pode ser que não seja e é isso que faz uma possibilidade se transformar em emoção – é tão imprevisível como escutar a voz de alguém pelo rádio e, por ela, tentar imaginar seu dono.
Santa Izabel Rainha é grande, mas será gótica ou românica? Será moderna? Clara, escura, com vitrais na fachada e duas torres altas buscando os dedos de Deus?
Será que Santa Izabel Rainha, ao vivo, é tão bela quanto eu a imagino? Será tão grande como o Geraldo deu a entender que era? Será que depois de tanto será, vale a pena conhecê-la, ou é melhor ficar com a imaginação e imaginá-la cada dia de um jeito, sempre como eu quiser?
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