São Paulo vai ficar sem água
Faz tempo que meu amigo José Renato Nalini, Secretário Especial para Mudanças Climáticas da Prefeitura de São Paulo, grita no deserto: São Paulo vai ficar sem água. E como no deserto tem pouca gente, pouca gente escuta e menos ainda se dá conta de que é sério, que São Paulo caminha para ficar sem água potável, de repente mais rápido do que pensam.
As invasões na Zona Sul da Capital e nos municípios vizinhos estão acabando com a qualidade da água da represa de Guarapiranga, a grande abastecedora de água que atende uma grande parte da população de São Paulo.
É sério. Já escrevi sobre o tema outras vezes e confesso que faço isso apreensivo. As ocupações da região são clandestinas, mas eficientemente coordenadas e o resultado é o lançamento sem tratamento dos esgotos nas águas da represa.
O quadro é tão sério que a SABESP, que conhece bem a realidade e sabe no avesso o que está acontecendo, agora informa que a cor da água pode sofrer variações em função da deterioração da sua qualidade.
Aliás, na escola a gente aprende que a água é uma substância sem cheiro, sem cor e sem gosto. Há quanto tempo a água que chega na sua casa não tem as três características? Pois é… é a consequência do que está acontecendo. Como os mananciais estão poluídos, a SABESP é obrigada a tratar a água com produtos químicos que a deixam potável, mas mudam suas qualidades originais.
Se não forem tomadas medidas enérgicas rapidamente, o quadro vai se deteriorar ainda mais e uma parte importante da cidade corre o risco de ficar sem água potável num futuro mais curto do que as pessoas pensam.
O Secretário Nalini não está brincando. O risco é sério. Nós podemos perder Guarapiranga e, sem ela, o quadro vai ficar muito complicado.
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