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Vivendo mais

As pessoas estão vivendo mais e melhor. Getúlio Vargas nunca foi bonzinho. Quando ele criou a aposentadoria do brasileiro e determinou que nos aposentaríamos com 40 anos, não foi para dar muitos anos de férias para as pessoas que tinham trabalhado até essa idade. Não, a Previdência adotou esse patamar porque a expectativa de vida era de 40 anos, ou seja, poucos brasileiros iriam aproveitar por muito tempo as delícias da aposentadoria. Tanto isso é verdade que durante décadas os Institutos de Previdência foram superavitários. A coisa mudou de figura quando o desenho social brasileiro começou a mudar e as boas práticas de honestidade e idoneidade começaram a perder espaço. 

Se, em 1940, o brasileiro vivia perto de 40 anos, em 2024, o brasileiro está vivendo mais de 75. É uma mudança colossal, que modificou completamente a sociedade e criou uma condição de vida melhor do que a anterior. 

Com toda as distorções, com todas as mazelas, com toda a miséria e desigualdade social, o brasileiro hoje vive mais e melhor do que há 70 anos. E a verdade se aplica a todas as classes sociais, da mais rica à mais pobre.

Seguimos tendo favelas na beira da linha do trem? Seguimos. Temos muita miséria e milhões de pessoas vulneráveis à fome? Temos. Temos milhares de pessoas em situação de rua? Temos e o número parece que não para de aumentar. É tudo verdade. O quadro continua trágico e poderia ser diferente.

Não cabe aqui analisar por que não é, mas lembrar as políticas completamente equivocadas, a falta de seriedade, a corrupção e a incompetência é sempre bom porque sinaliza o rumo que precisamos tomar para sair do buraco.

Mas o fato irrefutável é que hoje o brasileiro vive mais e melhor.


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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.