6 anos sem Paulo Bomfim
Paulo Bomfim partiu dessa vida no dia 7 de julho de 2019. Há seis anos ele foi morar na Fazenda Atalaia, num canto do Paraíso, onde as onças urram nas matas da eternidade.
Foi se encontrar com seus antepassados que não retornaram do sertão, e rever Emy, a mulher que ele amou a vida inteira. Foi reencontrar seu filho Pupá, morto antes da hora, se é que alguém pode falar em hora, na hora da morte.
Paulo Bomfim foi dos maiores poetas brasileiros e com Vinícius de Moraes, com certeza, os dois grandes sonetistas da segunda metade do século 20.
Mas Paulo foi muito mais, a sua maior poesia era ele mesmo e isso fazia toda a diferença. Generoso, o poeta tinha sempre uma palavra boa para todo mundo. Num almoço em que a Emy e eu estávamos falando de alguém e Paulo o defendia, eu perguntei: “Poeta, não tem ninguém que você não goste?” Ele pensou um pouco, fez cara de bravo, deu um soco na mesa e respondeu: “Eu não perdoo as pessoas que fizeram mal aos meus antepassados.”
Paulo gostava de receber para almoçar no apartamento da Rua Peixoto Gomide. Lá, servia almoços especiais pela comida, mas melhores ainda pelas conversas regadas a vinho que ficavam melhores ainda quando um convidado que entendia de vinho levava garrafas preciosas que eram bebidas sem nenhuma cerimônia, enquanto o papo fluía.
Paulo partiu na hora certa, aos 92 anos de idade, depois de uma vida de poesia, cheia de aventuras, amado pelos amigos e mais ainda pelas amigas. Ele não gostaria do mundo de hoje. Na época já se queixava da falta de educação que corria solta. Hoje, ficaria horrorizado com tudo que corre solto. Paulo que a eternidade te seja leve e o Paraíso delicioso.
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