Vizinhos
No mundo, todos os vizinhos são problema, ou melhor, podem ser problema. Não é obrigatório que seja assim, mas invariavelmente uma comunidade pacífica, que vive em harmonia e respeita seus integrantes, de repente é chacoalhada com a chegada de um vizinho novo, que age fora dos parâmetros aceitos por todos e que funcionam bem e dão paz.
Invariavelmente, o chegante acha que é o dono do mundo e que pode fazer o que quiser, sem levar em consideração os outros. E ele arromba as portas da boa educação, toca música alta de madrugada, estaciona na frente da garagem dos outros, solta o cachorro bravo na rua e por aí vai, inclusive com ações muito mais pesadas.
Normalmente as diferenças ficam mais claras nos condomínios, mas não quer dizer que não aconteçam nos bairros residenciais onde as casas com uma família dão o tom. Quanto menor a casa, maior o estorvo. A lógica é clara, um jardim grande fazendo divisa com outro jardim grande reduz a expansão do barulho para a casa ao lado. Já em casas parede e meia, ou geminadas, a propagação é muito mais fácil. Daí as vilas e condomínios horizontais se assemelharem aos prédios e as diferenças entre vizinhos serem mais frequentes e mais complicadas.
Não tem nada mais chato do que um vizinho chato. O cidadão que acha que é Deus na Terra quando de verdade não é mais do que irmão do contraparente de um funcionário subalterno da décima segunda subseção de uma subsecretaria.
Tanto faz, ele se acha e daí pra frente o frege está armado. Sem perguntar nada a ninguém, ele toca fogo no pedaço. Atrapalha a vida de todo mundo, interfere em assuntos que não são seus, faz e desfaz como se fosse o xerife do pedaço. Em alguns casos o problema fica tão sério que o jeito é chamar a polícia, mas as vezes, nem isso resolve.
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