O Edgard entrou no céu
Todo mundo morre. Morrem humanos e não humanos, morrem deuses, morrem as lendas e todos são esquecidos. A morte mais triste é o esquecimento, mas dele, em algum momento, ninguém escapa.
No cotidiano do mundo, morrem pessoas de todos os tipos, todos os dias. Tanto faz serem boas, não serem boas, serem corretas, serem políticos, ninguém foge de seu destino e o destino, no fim, é a morte.
Seria bom se certas pessoas não morressem… não, não seria. Todos têm o direito ao descanso esterno, a mudar de faixa, entrar em outra vibração, ver o por do sol da eternidade, sentado ao lado dos amigos que partiram antes.
O Edgard morreu. Nem antes, nem depois, na sua hora. Ele vinha se desencantando do mundo, andava triste, sua risada gostosa, nos últimos tempos, era um meio sorriso. Um conformismo.
Quem conheceu o Edgard dos bons tempos se lembra do homem grande, forte, com um olhar quente, amigo dos amigos. Sempre pronto para rir, para achar que a vida é boa e que viver vale a pena.
Conheci o Edgard no tempo em que a Rádio Eldorado ficava na Rua Major Quedinho. Ele era o responsável pela discoteca da Rádio, mais de 40 mil discos e outras formas de reprodução, guardando o que tinha de melhor.
A discoteca da Rádio, ou a discoteca do Edgard é das mais completas que eu conheço. E ele tinha orgulho dela, de ter tudo catalogado, arrumado, separado, ao seu alcance, cada vez que ele precisava.
Mas além do grande profissional, o Edgard era um grande homem. Uma pessoa do bem, sempre disposta a ajudar, a ouvir, a estender a mão. Fomos muito amigos e até poucos meses era comum nos encontramos na Rádio e ficar batendo papo e dando risada. Edgard, descanse em paz, você fez por merecer. Que a eternidade lhe seja leve, eu vou sentir saudades.
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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.