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Rua Augusta

Há algumas décadas, quando os shoppings centers ainda não tinham virado a praia dos paulistas, o grande point, o endereço definitivo, era a Rua Augusta.

Lá estavam as lojas icônicas, as casas de chá, os sanduíches mágicos, como o Bauru do Frevinho. Estavam os cinemas, as galerias, mini-shopping-centers de dois ou três andares, como a Galeria Vitrine.

Diretamente nela ou em volta estavam as sapatarias da moda Spinelli, Adriano, La Pisanina. E na própria Rua Augusta pontificavam lojas como Via Condotti, Rastro, Paraphernalia, Prímula, Blow Up, Casa Toddy e tantas outras que faziam a felicidade dos paulistanos.

A Rua Augusta era uma festa, uma fila interminável de automóveis da moda e fora de moda, como a Romi Izetta do Coruja. Ninguém ligava quando o trânsito parava, fazia parte do show. A “paquera” (eta termo antigo) corria solta, meninas de minissaia eram cantadas pelos jovens nos automóveis, mas nem sempre aceitavam o convite, seguiam em frente com suas amigas, muito mais interessadas em causar do que em sair com alguém só porque tinha carro bonito.

Entre as lojas de todos os gêneros tinha uma loja de discos que fazia a festa, tocando as últimas músicas nacionais e estrangeiras. A Hi-Fi tinha as novidades e era possível escutar as músicas em toca-discos com fones de ouvido. O problema é que tinham cantores nacionais que usavam nomes quase iguais aos dos cantores internacionais. Foi assim que eu comprei um disco de Prini Lores, pensando que era o original, Trini Lopez.

Meus colegas e eu fugíamos do Colégio Dante Alighieri para cabular aula andando pela Rua Augusta. Era um programa que valia a pena.

Aí abriram o shopping Iguatemi e começou o ocaso da Rua Augusta. Agora ela está voltando, na construção de prédios impressionantes.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.