Para o alto, sempre
Não, não é inveja de Balneário Camboriú, São Paulo sabe que é muito maior, o que não quer dizer necessariamente mais interessante. O município de Santa Catarina decidiu que a praia simpática e sossegada do começo dos anos 1970 estava condenada, que seu destino seria abrigar os maiores arranha-céus do país.
Dito e feito, Camboriú subiu desesperadamente, numa sequência de edifícios, um mais alto que o outro, como se a aposta fosse qual deles humilharia mais a Torre de Babel.
São Paulo tem prédios altos, mas não tão altos, faz tempo. Não passavam dos 40 andares, agora estão dispostos a romper todas as barreiras. O negócio é meter o pé no acelerador para tentar alcançar o céu em elevadores panorâmicos que nos mostram a cidade lá embaixo.
Pode mais quem sobe mais. A máxima é o mote que leva as construtoras a meterem a mão na massa. É preciso conquistar o céu, o resto tanto faz. Prédio bom é prédio alto, com 50 andares ou mais.
A loucura que tomou conta de parte das construtoras é tão intensa que estão derrubando prédios de 20 andares para darem espaço para novos mastodontes de concreto, com seus trezentos e tantos apartamentos de 24 metros quadrados cada um.
Imagino os elevadores destes edifícios as 8 horas da manhã. Dependendo do andar que a pessoa mora, leva mais de meia hora para conseguir chegar na garagem.
Mas a população começa se mobilizar a e enfrentar o desafio de enfrentar a Câmara Municipal e colocar fim na loucura. O paulistano está saindo as ruas para dizer chega. Nós não queremos estes absurdos do nosso lado. E está dando certo, ainda que nem todos estejam controlados, tem bairros em que os monstros não crescem mais.
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