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Brincadeira de rua

Bons tempos que podem voltar de outra forma

Em um passado não muito distante, o comum era crianças brincarem nas ruas de São Paulo, muitas delas tinham turmas para andarem de bicicleta, jogarem bola, pularem elástico, entre tantas outras formas de se divertirem. Os pais não se preocupavam, pois sabiam aonde os seus filhos estavam. Quem foi criança nesta época, sabe o que era desfrutar de liberdade, claro que com restrições de horários e a obrigação de fazer os deveres escolares. De lá para cá muita coisa mudou, as ruas deram lugar aos muros e outras brincadeiras vieram.

Chama a atenção nos dia de hoje o quanto é raro vermos crianças brincando nas ruas e até em parques e praças, mesmo que acompanhadas por adultos. Uma das justificativas é que os centros urbanos, como São Paulo, cresceram de tal maneira que o trânsito tomou conta das cidades e o medo da violência se tornou recorrente. Mas será que é tão assustador assim?. Ao contrário, na periferia as peladas, como é popularmente conhecido o jogo de futebol amador, nunca deixaram de existir.

Parece que nós criamos nossos próprios muros e as crianças são reflexos do que dizemos e fazemos. Muitas passaram a ficar horas à frente da televisão, outras optaram por brincadeiras analógicas, a exemplo dos videogames. E com o advento do celular, esta foi a nova atração. Aliás, chama a atenção nos restaurantes crianças e pais que não desgrudam do celular durante as refeições e que nem sequer conversam.

Crianças precisam brincar, fazer amigos e explorar o seu entorno. E se não for nas ruas, opções é o que não faltam em uma cidade como São Paulo. Há clubes, praças, parque, centros recreativos, entre tantos outros, para elas conviverem com outras crianças. Isto é fundamental para a formação delas e para elas aprenderem a se relacionar. Principalmente porque nesse mundo cada vez mais digital as relações estão mudando, estão se distanciando.

E muitas vezes nem percebemos isso, ligamos o piloto automático, achando que este é o caminho natural, até ouvirmos algo que nos chama atenção, como aconteceu comigo. Eu estava em um almoço em um evento, na mesma mesa que a minha, uma jornalista contou que para chamar o seu filho para almoçar ela tem que lhe enviar uma mensagem pelo WhatsApp. E não é porque ele está fora de casa, na hora do almoço ele está sempre no seu quarto.

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Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.