A estratégia dos pernilongos
Faz vária décadas, se não séculos, que os pernilongos infernizam a vida das pessoas. Humanas e não humanas. Quando a maré pega pesado, os cachorros ficam alucinados com os pernilongos. Apesar de terem a pele grossa, são brutalmente picados.
Eu sei que existem pragas piores do que eles. Que o digam as muriçocas e piuns que dominam a Amazônia. Que o digam as mutucas que têm uma ferroada mais dolorida e os borrachudos que comandam o show no litoral norte e Angra dos Reis. É assim porque é assim, não tem o que fazer. Desde os tempos coloniais que os moscardos fazem parte dessa história e não há nada que indique que ela está no fim.
Os pernilongos paulistanos são criativos. Já teve época em que importaram trajes especiais, com máscaras antigases capazes de anular as ações da prefeitura fumegando as margens dos rios e as ruas da cidade.
É verdade, quando faz frio, eles somem. Não se dão bem com as baixas temperaturas, o que não deixa de ser uma boa ocasião de contar as vantagens do ar-condicionado, que, além de refrescar o ambiente, ainda age contra os pernilongos.
Mas é só ameaçar esquentar que eles voltam e voltam cada vez com mais fúria e mais força, dispostos a sugar o sangue prometido aos vampiros e aos bancos de sangue, pouco se importando com a concorrência ou uma divisão imparcial de um alimento essencial para a felicidade das espécies, incluído o ser humano.
Os pernilongos são como os pistoleiros do velho oeste. Entram, zunem e picam com a rapidez do raio. Antes do fim do trovão, você já foi sangrado e está coçando. O mais sério nesta história é que não tem perdão. Billy The Kid vai atacar de novo, tanto faz se você já foi picado. Um bom pernilongo não desiste nunca! E quem pica não é ele, é ela, a pernilonga.
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