O e-mail do Klaus
[Crônica de 20 de outubro de 2013]
Tem gente que gosta de Cyrano de Bergerac, tem gente que não. Eu sou apaixonado pela fala final do herói: “Que dizem vocês, é inútil? Eu o sei, mas não me bato pela esperança da vitória. Eu sei que no final vocês vencerão, mas eu me bato, eu me bato, eu me bato.”
Resumidamente, Cyrano era um homem inteligente, artista, soldado, espadachim, que tinha um nariz enorme. Sua paixão era Roxane, que não o amava. Amava um homem lindo, mas sem qualquer talento artístico. Amigo de Cyrano e conhecendo sua poesia, ele pede que Cyrano lhe escreva textos para ele ler como se fossem seus para Roxane.
Cyrano escreve e Roxane se apaixona cada vez mais, mas ela não se apaixona pelo homem, e sim pela poesia que ele lhe lê, escrita por Cyrano.
Outro dia recebi um e-mail do Klaus que me fez lembrar da peça de Gaston Rostand. Klaus tem uma namorada que ele ama. Estão juntos faz 11 meses e para comemorar um ano de namoro ele queria lhe dar um presente inusitado. Por isso me escreveu.
Klaus me pedia para ler como uma crônica uma carta escrita por ele para sua namorada. Respondi que isso fugia ao espírito da crônica da cidade e que eu não poderia ler a carta.
Mas, Klaus, não tem nada que me impeça de fazer uma crônica contando do e-mail que você me escreveu. Nem que a razão dele é o seu amor pela sua namorada.
É bonito amar. Mas é mais bonito ainda quando o amor ultrapassa as barreiras do que dizem que é normal. Você teve coragem de me escrever pedindo algo fora do normal. Então: namorada do Klaus, ele te ama muito!
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