Eram paus e estão mortos
Araçá, Cambuci, Ibirapuera, Pinheiros, todos nomes designando algum tipo de pau, comum em São Paulo, quando a cidade ainda não era a metrópole antropófaga dos dias de hoje.
Por incrível que pareça, esta cidade já foi pacata e pequena, tendo por volta de 1870 menos de 50 mil habitantes e em 1930 menos de um milhão.
O salto fantástico aconteceu ao longo do século 20, com a industrialização do estado e da capital. De repente, São Paulo se orgulhava de ser a cidade que mais cresce no mundo e era com prazer que os paulistanos mostravam o progresso erguendo a cidade, remodelando suas perspectivas, para os estrangeiros que vinham até aqui.
Da cidade calma e sem pressa que passava boa parte do ano com as casas mais ricas fechadas, sobrou muito pouco. A casa do Bandeirante, a igreja de São Miguel Paulista, mais quatro ou cinco marcos escondidos nos desvãos, nas quebradas e em algumas raras igrejas que ainda preservam alguma coisa deste passado.
Sobraram também palavras que pouca gente sabe o que querem dizer, dando nome para um bairro ou uma região. Cambuci, Araçá, Ibirapuera, Pinheiros. São palavras mais ou menos comuns no vocabulário paulistano.
Pinheiros é o nome de um bairro e de um rio, que corre sujo de um lado para o outro, dependendo da vontade dos homens. O nome vem da quantidade impressionante de araucárias que sombreavam a região.
Araçá e Cambuci são nomes de frutas nativas que quase mais ninguém conhece, e Ibirapuera quer dizer madeira podre, dando ideia de uma capoeirão de árvores ruins na região onde hoje fica o parque e o bairro. São Paulo já foi verde, pena que hoje é cinza.
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