A explosão do verde

O verde cresceu, se impôs e tomou conta da cidade. Ou pelo menos parte dela, onde sua cor, em diferentes tons, quebra a tristeza do cinza que se espalha no ar e se estende pelos muros.

É impressionante a força com que a natureza se refaz e como ela se esquece dos rigores do inverno e das folhas secas que caiam dos galhos das árvores para formar um cobertor que escondia o chão.

Em pouco mais de um mês a vida se transformou, se renovou, se recriou, na explosão fantástica e maravilhosa do verde em suas diferentes tonalidades se espalhando pelos muros, pelos jardins e pelas praças, alegrando a vida e dando um outro sentido para as cores do mundo.

Até mesmo as janelas perdem sua sensação de vazio sem mistério, que nos fala da solidão de suas salas, encobertas pelo verde de um vaso que aparece por trás das cortinas semiabertas.

O verde traz a esperança de volta para o dia a dia da metrópole, faz com que a vida se redescubra nas cores novas que emprestam sua alegria para a alegria dos olhos que brilham de novo quentes e próximos como uma promessa, como a flor, ou o botão, que ainda não abriu, mas que guarda no seu verde a possibilidade de todas as cores.

O verde humaniza a brutalidade sem sentido que inferniza e apavora as ruas e as avenidas.

Ele não melhora o trânsito porque sensibiliza as bestas feras que se atiram pelas ruas como tiranossauros atrás da presa.

Seu efeito é sobre você que tem um minuto para olhar para o lado e ver as plantas de uma praça sem expressão ou importância alguma, exceto por ela estar vestida de diferentes tons de verde, que fazem você deixar de lado a irritação e a pressa que lhe fazia guiar como um louco, sem tempo para olhar para o lado, metido numa guerra contra todos e sem chance de vencê-la.

O verde faz de você, de nós, da cidade inteira alguma coisa um pouco melhor.

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