O Enem com a cara do governo
O grande comandante declarou que o Enem está ficando com a cara do governo. Poucas vezes uma afirmação esteve tão correta. O pedido de demissão coletiva de mais de trinta técnicos encarregados de aplicar o exame, pouco antes da data, mostra que realmente o exame está carimbado com a marca registrada do governo, a saber, a incompetência.
Este governo não é famoso por ter qualquer cuidado com a educação, a cultura ou o saber. Ao contrário, seu caminho trilha o outro lado da montanha e se esmera em valorizar a mediocridade, o negacionismo, a estupidez e a falta de bom senso.
É ler as insinuações sem sentido sobre a conexão entre a vacina da covid e o vírus HIV para se ter claro que acharem que a terra é plana está absolutamente dentro da visão de mundo esposada pela turma.
Nada de novo debaixo do sol. Apenas o governo não entende que o Enem não tem que ter a cara do governo, o Enem não tem que ter cara, o Enem tem que avaliar os estudantes brasileiros e ser um caminho para seu desenvolvimento. Mais que isso, tem que avaliar a qualidade do ensino oferecido pelas nossas escolas e o grau de eficiência alcançado e, assim, tomar as medidas para as correções de rumo necessárias para nos fazer competitivos num mundo cada vez mais profissionalizado.
É verdade, o governo não tem ninguém com alguma intimidade com a academia ou destaque na cultura. Ao contrário, tirando uma ou duas exceções, o que impera é a mediocridade, que se reflete nas ações adotadas e nas suas consequências, como a inflação fora de controle, o dólar a galope, o combustível na casa do chapéu, a fome batendo na porta e o crescimento andando de macha-ré, seis meses antes do esperado.
Ao fazer o Enem ter a cara do governo, o governo está condenando o Brasil a patinar na lama do atraso. Quem vai pagar a conta somos nós.
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