A volta da vida em liberdade
A pandemia não acabou, mas a vida retoma seu ritmo, como se os poucos casos que ainda pipocam não fossem mais capazes de assustar as pessoas, como aconteceu no começo e no meio da pandemia.
A vida retoma as ruas, enche os cinemas, lota shows, cria filas de espera nos restaurantes, enche os bares com a turma que está redescobrindo a cerveja gelada e as vantagens de um bom papo no final da tarde. Afinal, é mesmo muito bom.
Dois anos de reclusão forçada, dois anos de medo e mais de seiscentas mil mortes, boa parte porque o governo não fez o que devia na hora em que devia, fez o brasileiro, na primeira brecha, voltar a viver com intensidade para recuperar o tempo perdido, como se fosse possível se fazer isso.
Ninguém recupera o tempo perdido, mas todos têm o direito de sair de casa, de encontrar a vida, de olhar o mundo de frente, sem receio de adoecer, sem medo de morrer, vacinados e protegidos pelas doses da vacina que levou a pandemia para longe.
Foi triste, foi duro, foi cruel. Poderia ter sido menos agressivo, mas não foi. O “se” não existe. O que temos é o que temos e o que temos agora é diferente, é bom e é bonito. Muito mais bonito do que os hospitais lotados, sem leitos para receber gente que morreu por falta de socorro.
Agora é hora de um novo dia, de uma nova noite, de um renascer ainda desencontrado, mas procurando caminhos, entre tudo de feio e ruim que explodiu na pandemia, entre as primeiras flores que insistem em nascer nas calçadas para colorir o mundo e alegrar vida.
O brasileiro perdeu o medo da pandemia, do vírus, da possibilidade de não chegar lá. Ainda tem muita pedra no meio do caminho, mas agora é hora de cair na vida, de rir e ser feliz. O resto a gente vê depois.
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