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O alimento do amor

Não há amor que sobreviva sem esperança. A esperança é o alimento do amor. Para que um amor floresça, dando o que o verdadeiro amor pode dar, é necessário que haja a possibilidade dum depois, de um momento, ainda que no futuro distante, onde o amante e a amada possam se encontrar, para trilharem juntos o caminho da felicidade.

O ato de amar é entrega. Entrega do corpo, da alma, do carinho e da ternura mais escondidos, dados abertamente, sem vergonha do gesto, para que se transforme num gesto maior, num gesto dos dois, que sendo um, os faça serem mais do que dois.

Para que este gesto exista, para que este gesto saia, é indispensável que amor tenha esperança, que ele possa se alimentar do amanhã.
A ausência do amanhã é a condenação do amor.

Nem mesmo Romeu e Julieta, no momento que descobriram que não tinham mais amanhã, conseguiram sobreviver à falta do futuro, à falta da esperança.
A esperança é uma planta delicada, que precisa de cuidados intensos. Ela só vinga em terreno fértil, regado permanentemente com ações claras.

O dúbio é a erva daninha, o parasita que liquida com ela. O quem sabe, o mais ou menos, sugam a seiva da esperança, fazendo-a definhar, gastando suas energias com bobagens que não levam a nada, exceto ao fim do amor.

Cultivar a esperança é não dar espaço para as ilusões, não permitir que sonhos tolos interfiram na nossa felicidade, destruindo-os antes que seja tarde demais.

A esperança é o alimento do amor.

A certeza da felicidade implica na certeza do futuro. E para um amante, o único futuro possível é o futuro ao lado da amada.

Não dar ao amor a chance de crescer, não dar ao amor a possibilidade do infinito e a certeza de que é eterno, é condená-lo a deixar de ser amor, para se transformar em obsessão, ou hábito, ou tédio, até não significar mais nada e deixar de ser.

Um dia nós acordamos e tudo aquilo porque valia pena lutar, porque valia a pena morrer, porque valia a pena se entregar, tem gosto de coisa velha, de comida amanhecida, que nós jogamos no lixo da memória, porque não quer dizer mais nada.

Para que o amor cresça e desabroche, para que o amor se faça plenamente, é indispensável que haja esperança.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.