As pontes e os caminhões
[Crônica do dia 13 de novembro de 1997]
Parece que tem gente disposta a acreditar em milagre, ou que é capaz de fazer mágica. O duro é que nenhuma das duas coisas acontecem e o resultado é que dia sim, outro também, São Paulo para, por conta das crenças frustradas.
As pontes da cidade, especialmente as que cruzam sobre a marginal, têm uma determinada altura que deveria ser conhecida de todas as pessoas interessadas.
Mais do que isto, a respectiva altura está escrita em cada uma delas, e, no entanto, não adianta nada. É raro o dia que um caminhão não fique entalado, porque a altura dele é maior do que o vão da ponte.
O problema tem solução simples. Basta o embarcador da carga não deixa-la ficar com altura maior do que a do vão das pontes sob as quais o caminhão vai passar.
Se apenas isto fosse levado em conta, São Paulo não teria que aguentar mais esta agressão, porque o problema não existiria.
Infelizmente, o pequeno detalhe da altura da carga não é levado em conta e o resultado são horas e horas de congestionamento extra, com um custo absurdo para o país inteiro, em tempo perdido, e combustível gasto inutilmente.
a CET faz o que pode, inclusive já instalou, faz muito tempo, detetores de altura, justamente para evitar este tipo de acidente.
Não adianta nada. O motorista vai em frente, convencido de que na hora h o super vai aparecer ou são judas vai se apiedar de suas dificuldades, e a ponte vai misteriosamente ficar mais alta, ou o caminhão mais baixo.
Como São Judas exige para ajudar que o interessado se ajude antes, e como o super não anda resolvendo nem mesmo os próprios problemas, o resultado é o caminhão ficar entalado, esperando os técnicos da CET chegarem para imaginar um jeito de tira-lo de lá, enquanto o motorista fica olhando em volta com cara de parvo, tentando explicar o inexplicável.
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