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Uma data predestinada

[Crônica de 7 de março de 2002]

O nove de julho da avenida que corta São Paulo, relembrando a luta começada em 23 de maio, para colocar o Brasil nos trilhos do progresso que mudou a cara do mundo ao longo do século passado.

O nove de julho que este ano comemora os 70 anos de um dos movimentos mais belos e menos conhecidos da história nacional. A saga fantástica do povo de um estado desarmado, ou mal armado, contra uma ditadura feroz, interessada em manter o sistema pelo maior tempo possível, pisando em quem trabalhava e mudava a cara da nação, em nome de hipotéticos bons ideais que até hoje condenam o país a se arrastar lentamente para fora do subdesenvolvimento que mata e condena milhões de brasileiros à mais negra miséria.

A revolução de 32 faz anos no dia nove de julho e por isso a avenida projetada para ser a mais importante da cidade leva a data como nome.

Agora, mais uma vez, o nove de julho se mostra uma data predestinada.

A primeira santa brasileira, Santa Paulina, teve o dia nove de julho consagrado a ela pela igreja católica.

É pouco provável que o Vaticano saiba o que foi a revolução de 32 e que no dia 9 de julho as tropas paulistas, mal armadas e mal treinadas, se lançaram numa luta desigual, enfrentando tropas profissionais, armadas com armamento moderno, para mudar a cara do Brasil.

Nove de julho é uma data predestinada. Nenhuma outra poderia ser mais perfeita do que ela para homenagear a primeira santa brasileira.

O céu tem soluções que os homens não entendem.  

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.