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Que saudade dos motores analógicos

Uma vez, pescando em Cananéia, o motor de popa do barco quebrou e meu pai e tio Ruy decidiram consertá-lo, até porque não tinha outra coisa para fazer. Era consertar ou ficar à deriva pelo canal.

Tiraram a tampa e começaram a mexer, tiraram peças, olharam, assopraram, recolocaram tudo e sobraram alguns parafusos. A conclusão foi que eles eram inúteis por isso foram jogados na água. Aí deram a fieirada, o motor pegou e funcionou perfeitamente.

Mexer em motores de carro ou de barco até os anos 1980 era uma festa. Mesmo se você não entendesse muito da coisa, acabava dando um jeito, como o Zé Cássio e eu fizemos no escapamento da rabeta da “Vai Querer”, uma Carbrasmar 16 pés com que navegamos durante um bom tempo pelo litoral de São Paulo. Criou um cotovelo, mas funcionou que foi uma beleza e aguentou mais de um ano.

Motor tinha carburador, velas, distribuidor, bobina e de um jeito ou de outro a gente dava conta de arrumar, até porque o mais comum era o carro “afogar”. Com um pouco de jeito pegava de novo e era seguir em frente. O outro perrengue era trocar pneu, que também não requeria técnica, nem muita habilidade.

Hoje eu abro o capô do carro olho pra dentro com cara de entendido, faço hum! E fica o dito pelo não dito, não tenho a menor noção do que é o que, nem por onde começa seja lá o que for ou para o que for.

Meu consolo é que a maioria das pessoas também não tem a menor noção. Para acertar alguns motores tem que ligar um computador numa tomada especial e só depois disso tem como fazer os acertos. É coisa para profissional. Amador no máximo chupa o dedo. Graças a Deus as seguradoras oferecem guinchos que fazem a diferença. Imagine ficar com o carro quebrado numa estrada pequena no meio da noite.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.