Paulo Bomfim 4
Os poetas não morrem, viram cometas e viajam dentro do nosso peito, semeando beleza, reforçando a esperança e garantindo a felicidade do dia.
Os poetas são mais do que lembranças. Se espalham pelo nosso corpo, navegam na corrente sanguínea, fazem cócegas nas artérias e ficam sérios vendo a cor do sangue que corre pelas veias.
Eles se colocam atrás dos nossos olhos e nos fazem ver o que nossa insensibilidade cotidiana esconde na rotina que engole o bom e o belo.
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O poeta vivo dentro de nós faz o peito bater mais sereno, como se o cansaço dos dias sumisse, tragado pela cachoeira de afeto que o poeta espalha nos sumidouros do espírito.
E ele resgata nossa alma. Reacende os sentimentos bons que a violência da vida nos faz esquecer em algum canto perdido do coração.
O poeta nos conta da magia de uma rolinha entrando pela janela apartamento a dentro, seguida por um gavião que entra também, mas é expulso pela vassoura de uma Lúcia indignada, que, sem conhecer sociologia, sabe o certo e o errado.
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O poeta conta das antigas pedras rabiscadas nas trilhas perto das praias. Mostra as runas riscadas no granito e lembra as lendas que explicam suas origens.
Fala dos Peabirus perdidos no sertão. E resgata os passos varando a mata para retirar dela as Lagoas Douradas e os Eldorados.
O poeta apita na lembrança os trens que varavam as fazendas, carregados de sacas de café.
E fala da esperança de uma vida melhor. Do certo e da importância de fazer o certo.
Ah, os sonhos que trazem o poeta de volta no escuro das noites… Paulo Bomfim, os poetas não morrem, eles entranham na gente!