Paulo Bomfim 5
Os almoços na casa de Paulo Bomfim, ao longo dos anos, tiveram sempre a ajuda mágica de duas pessoas maravilhosas, cada uma com seu jeito e seus talentos a serviço da nossa alegria.
A primeira é a Lúcia. Pessoa única, não seria exagero dizer que se encaixava com precisão entre os que Jesus definiu, quando disse que é deles o reino dos céus. Ela trabalhou muitos anos na casa do Paulo.
Lúcia tinha a pureza das aves voando pelo paraíso, o calor humano de quem gosta da vida e, dentro dela, de estar com as pessoas de quem gosta.
Na sua simplicidade, na ternura de seus olhos, Lúcia era, além de cozinheira de mão cheia, compositora.
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Isso mesmo! Lúcia, além de cozinhar bem, compunha canções singelas, que ela gostava de cantar para o bispo emérito de Santo Amaro, D. Fernando Figueiredo. Em troca, nas missas no Santuário, o Padre Marcelo Rossi pedia pela Lúcia.
Quando a Lúcia morreu, o poeta trouxe para trabalhar na sua casa a funcionária de sua casa de Itanhaém e a Helena foi sucesso de cara.
Com 26 anos de família Bomfim, como a Lúcia, ela aprendeu a cozinhar com a Emy, esposa do poeta, e acabou se tornando uma cozinheira excepcional.
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Eu sei porque, além de um cuscuz de se comer de joelhos, todas as quartas feiras ela fazia, desde a massa até a fritura – segundo ela, em minha homenagem –, um prato de pastéis semidivinos. Independentemente de na teoria serem para mim, todos comiam, elogiavam e repetiam.
Os almoços no apartamento de Paulo Bomfim eram, ainda por cima, regados a bons vinhos, que os convidados levavam com prazer.
O fim desses almoços abre um buraco na alegria dos que iam.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.