Os ipês amarelos começam a chegar
Não sei se tem a ver, mas alguns amigos dizem que os ipês amarelos estão chegando por impaciência dos jovens. Que se eles esperassem um pouco mais todos ficariam contentes, a cidade mais bonita e a competição mais ética.
Volto a dizer, pode ser, não sei. O fato concreto é que realmente os ipês amarelos estão pipocando sua florada pela cidade e que as árvores que estão floridas são ipês jovens, árvores que ainda não ganharam o porte que os ipês podem atingir.
Aqui é importante fazer um parêntese. O tamanho que os ipês podem atingir é algo inimaginável para o cidadão urbano do século 21, que não conhece as matas que sobraram, nem viu os livros com ilustrações e fotos das matas brasileiras até o começo do século 20.
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Alguns ipês conseguem chegar a dimensões impressionantes, sendo preciso vários homens de mãos dadas e braços esticados para abraçar completamente seu tronco.
Não creio que na cidade exista um exemplar desse tamanho, mas na Santa Casa de São Paulo tem um ipê amarelo que precisa mais de uma pessoa de braços abertos para fechar o tronco. Além disso, a árvore é alta.
Diz a lenda que quando sua florada é farta, o ano seguinte é bom para a Irmandade. Por isso, estamos na torcida.
Voltando à florada que chega com os ipês jovens puxando a fila, realmente, se eles esperassem um pouco mais, as azaleias continuariam prevalecendo, mesmo com as patas de vaca floridas.
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Mas neste mundo a racionalidade é tema cada vez mais raro. O importante não é ser racional, é “fazer o que eu quero, na hora que eu quero”. Se vai chatear os outros o problema não é de quem faz, é dos outros.
Entre secos e molhados, poderia haver mais solidariedade entre as árvores.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.