O óleo da nossa desesperança
De onde vem o óleo que tomou de assalto as praias do nordeste? Se ele é venezuelano ou não, não tem muita importância. Com certeza a Venezuela não abriu seus poços para atingir o litoral nordestino, até porque não teria como fazer o óleo seguir a curva do litoral do Rio Grande do Norte e descer até a Bahia.
Eu vi o óleo nas praias de Sauípe, na Bahia, faz três semanas. Mais que ver, meus tênis ficaram quase destruídos pela quantidade de óleo que grudou neles. E isso comigo pulando a maioria das manchas espalhadas pelas praias.
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Parecia o Guarujá quando eu era criança. Na época, tinha grandes manchas de óleo que acompanhavam o desenho das marés na areia. A Bahia estava igual, mas maior. O óleo seguia certinho o desenho das ondas, subindo com a maré e trazendo a mancha para cima da praia.
A pergunta que não quer calar é de onde veio este óleo. Que em algum lugar um navio fez alguma coisa, ninguém tem dúvida. Não tem como ser diferente. O que não está claro é o que o navio fez. Afundou? Abriu os porões? De propósito? Por acidente?
Além disso, que navio é este? Se o óleo é mesmo venezuelano, então há uma grande chance de ser um navio fantasma, furando o embargo norte-americano e transportando óleo venezuelano para algum mercado negro onde seria vendido.
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Se for isso, será difícil descobrir qual é o navio e o que o fez derramar o óleo, na quantidade que derramou.
Dizer que a culpa é do governo brasileiro é sem sentido. Da mesma forma que acusar o Greenpeace de não ajudar também é sem sentido. O fato real, despolitizado, é que temos um enorme vazamento de óleo atingindo o Brasil. E sobre isso o presidente francês está quieto.
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