Os motoristas de aplicativo
A maioria dos motoristas de aplicativo nunca pensou em ser motorista de aplicativo, até precisar ser, por falta de opção.
Conversando com eles, descobrimos que são pedreiros, encanadores, carpinteiros, advogados, engenheiros, médicos, empresários de todas as áreas e setores. A maioria, vítima da crise absurda que se abateu sobre o Brasil depois que a pátria foi entregue aos desmandos, bandalheira e incompetência do PT.
Muitos deles não tinham sequer automóveis para trabalhar. Não é outra a razão de ter uma enorme frota de veículos com placas de Belo Horizonte rodando em São Paulo.
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Como também não tinham dinheiro para imobilizar no carro, partiram para a locação de longo prazo, que vai dando certo, graças a Deus, e permitindo que milhares de pessoas ganhem a vida honestamente, trabalhando nas ruas da Capital.
Se pudesse, boa parte deixaria de dirigir e voltaria para a antiga profissão. Como não podem, se esforçam para fazer o melhor possível, atrás de um volante com o qual nem sempre tiveram intimidade, durante doze ou mais horas por dia.
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Também tem os motoristas que completam a grana trabalhando com os aplicativos nas horas que não estão nos empregos formais. É uma forma de reforçar o caixa numa época em que ganhar dinheiro está complicado.
Não é o sonho de consumo, mas é o que tem. Então é tocar em frente porque tem gente muito pior. Entre secos e molhados, os motoristas de aplicativos ganham o suficiente para viver com dignidade.
Poderia ser melhor? Poderia, mas em outro país e em outra época. Hoje, no Brasil, é pegar o aplicativo e fazer o melhor possível, porque se não for por este lado, as outras portas estão fechadas. Fica muito pior.
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