Peabiru
Depois de elevar o Porto dos Escravos a Vila de São Vicente, Martim Afonso de Souza, guiado por João Ramalho, que já habitava no planalto, decidiu subir a Serra de Paranapiacaba e conhecer o que havia do outro lado.
Seguiram pelo Peabiru. O antigo caminho que acabava na vila de São Vicente, descendo pela serra íngreme talhado no solo com uma técnica e conhecimentos de engenharia que os índios não possuíam.
O Peabiru não era uma trilha como as normalmente feitas pelos tupis. Muito mais sofisticado, tinha proteção contra a erosão e era coberto por uma grama especial, que crescia até uma determinada altura.
Parte secundária da intrincada rede de estradas abertas pelos Incas, o Peabiru entrava pelo Brasil, vindo do Paraguai, onde se juntava a estada Real que levava a Cuzco, no Peru.
Por alguma razão, os Incas não avançaram em direção ao Atlântico. Mas o caminho aberto por eles permaneceu, servindo depois de rota de entrada e conquista do continente para os europeus.
Com a forma de uma espinha de peixe, o Peabiru cruzava o interior do Brasil e se abria em quatro rotas principais, que terminavam em Santa Catarina, Cananéia, São Vicente e Bahia. Delas saiam caminhos menores, também em forma de espinha de peixe, que se espalhavam pela terra, formando uma intrincada rede de comunicação.
Era através dele que João Ramalho e seus companheiros, em parceria com os índios de Tibiriçá, traziam índios aprisionados para serem vendidos para os navios.
Preocupado com a segurança da jovem vila, Martim Afonso subiu a serra para estudar a melhor forma de fazer a defesa de sua retaguarda.
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