Os cemitérios de São Paulo
A grande marca do homem civilizado é a necessidade de cultuar seus mortos. Seja enterrando, seja cremando, seja dando outro fim ao cadáver, a morte de um ser humano é um momento de reflexão, de reencontro com o começo de tudo, com a certeza da volta ao pó.
Cada religião, cada cultura, tem uma forma de honrar seus mortos e preservar sua lembrança, como um elo entre presente e passado, sem o qual não há possibilidade de futuro.
Na civilização ocidental moderna a morada dos mortos são os cemitérios, maiores ou menores, espalhados pelo chão, para lembrar que no final, tudo é uma coisa só e que a carne se faz pó para depois servir de começo para uma nova vida.
São Paulo não é exceção. E os cemitérios da cidade se espalham pelos bairros, cada um de um jeito, cada um com uma particularidade que o faz ser o melhor para os diferentes tipos de pessoas.
Os mais modernos seguem a tendência norte-americana e são enormes jardins gramados e arborizados, onde os túmulos se espalham, identificados por pequenas placas ou marcas com os nomes dos mortos.
Os mais antigos seguem o padrão europeu, com túmulos de várias formas e tamanhos, erguidos lado a lado, como uma verdadeira cidade.
Confesso que eu gosto dos cemitérios antigos de São Paulo.
Acho os enormes jardins dos cemitérios mais recentes muito bonitos e sinto neles uma profunda sensação de paz. Mas nos cemitérios antigos, sem jardins e invariavelmente com poucas árvores, me sinto mais próximo dos mortos queridos e tenho a possibilidade de conversar com os que já se foram de uma forma informal e familiar. Por isso eu gosto, entre todos, dos cemitérios da Consolação e de São Paulo.
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