Alternâncias
Um dia faz um calor abissínio de trinta e quatro graus, no dia seguinte faz um frio mais comportado, de quinze graus. Depois o processo se inverte e viceversamente, do frio de quinze graus pulamos para o calor abissínio, como se fossemos soldados das tropas fascistas italianas, prontos para conquistar o império do Négus.
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As explicações são concordes: é a primavera. Na primavera as coisas se confundem e, consequentemente, falta a lógica necessária para o clima se comportar de forma civilizada.
O clima não está nem aí para o que nós consideramos civilizado. Ele faz o que quer e ri de nós, da nossa fraqueza e insignificância diante dele.
As estações do ano, no Brasil, nunca foram muito ortodoxas. Desde sempre, no meio do inverno temos temperaturas escaldantes e no meio do verão de repente vem uma onda de frio nascida na Argentina que gela tudo.
É por isso que quando, no calor do inverno, as pessoas me dizem que vão doar suas roupas de lã, eu digo: tenha calma. O verão está logo aí, você ainda vai precisar delas.
Não tem o que fazer. Me lembro de dias gelados no inverno, de dias abissínios no verão e de dias de todos os jeitos ao longo do ano. Varia para cá, varia para lá, mas no final, entre secos e molhados, não tem ano que não faça calor no inverno e frio no verão.
Como a primavera está no meio, nada mais lógico do que as coisas aconteçam com mais rapidez e que o frio dê lugar ao calor em menos de vinte e quatro horas.
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Quem reclama é a saúde. Não tem cenário mais convidativo para uma pneumonia. Não tem época mais propícia para doenças respiratórias ou uma gripe de derrubar elefante.
Ainda bem que é assim. A alternativa é muito pior.
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