Refém do caos
O Brasil é, faz tempo, refém do caos. A bagunça institucionalizada faz parte do dia a dia da nação e se manifesta em todos os campos, todas as atividades, todas as situações, todos os níveis, todas as esferas e todos os sonhos que se transformam em pesadelo.
Dizia o professor Gofredo da Silva Telles que o caos é apenas uma ordem que não nos convém. O professor estava certo. O caos é uma ordem, apenas não nos convém, o que não quer dizer que não convenha a outros.
Por exemplo, o Presidente da República é fã do caos e tenta instaurá-lo diariamente na vida dos brasileiros.
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É prestar atenção nas suas falas completamente sem sentido e na rapidez com que ele desdiz o que disse para se ter claro que ele profetiza o fim do mundo e a explosão do cosmos para gerar um novo big bang que ele não sabe o que é, nem para que serve, mas que seus apoiadores acham o máximo porque é preciso viver o novo, nem que para isso milhares, inclusive eles, morram.
A forma criminosa com que trata a pandemia, assessorado pelo mais incompetente dos ministros, com fama de bom técnico em logística, mas que não consegue colocar arroz e feijão no prato dos recrutas, é o retrato das aspirações de S. Exa., que não tem nada de bobo, ao contrário, faz tudo profundamente pensado para chegar nos seus seguidores mais fanáticos e tocar em frente como um Hugo Chaves que fala português.
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O problema é quando essa base de apoio incondicional resolve colocar condições. Poucas categorias são mais bolsonaristas do que os caminhoneiros. Desde o princípio, eles acreditaram nas palavras do Capitão e se colocaram ao lado dele. Só que eles não gostaram do que viram e decidiram se mexer. Fazer greve, parar o país, nos deixar sem comida, sem remédio, sem vacinas. Aí não pode. Tem que se fazer alguma coisa. O Ministro da Economia que se vire, mas greve de caminhoneiro, nem pensar!
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