Ainda os dias de outono
Não adianta, por mais que eu queira ser justo e não fazer distinções, não tem jeito. Chova ou faça sol, para mim, os dias mais bonitos do ano são os dias de outono.
Não só os mais bonitos, mas os mais gostosos. A temperatura fica mais amena, até neste ano de temperaturas quase extremas. Os dias podem ser quentes, mas o calor está longe dos picos alucinados do verão. E as noites, estas são sempre agradáveis, boas de dormir com ou sem cobertor leve, mas sem a obrigação do ar-condicionado ligado.
O outono tem cores únicas, deslumbrantes, criadas pelo céu e pela vida em volta.
Leia também: Ventos que assustam
O céu é infinitamente mais transparente. E o azul profundo remete a viagens espaciais, sonhos impossíveis, galáxias conquistadas, com o bem triunfando no final.
É curioso como o belo gera sentimentos bons. Ainda que o belo seja um conceito muito pessoal, não há como fugir da beleza do dia, do esplendor da lua cheia, de Vênus saindo de trás do horizonte.
E as flores do outono também são especiais. Primeiro, são as paineiras e suas flores delicadas; depois, são os ipês, que chegam querendo mostrar serviço e brilhar mais do que as paineiras.
O bom é que o outono pouca se lixa para as mazelas humanas, os destemperos políticos, as tolices ditas em nome da radicalização sem sentido que tomou conta do mundo e do Brasil.
Leia também: Nada como o céu de outono
O outono olha as tolices que vão sendo cometidas, sorri, mas não toma conhecimento. As estações do ano são grandes demais, importantes demais para perderem tempo com as mesquinharias humanas.
Voltando ao outono, graças a Deus é outono! Entre secos e molhados, vamos em frente, pelo menos curtindo a beleza dos dias.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.