Os Ipês chegaram
Os ipês rosas chegaram. Não precisava avisar, eles estão aí, nas ruas, nas praças e nos cemitérios. Mas é sempre bom confirmar porque o brasileiro em particular não gosta de ver o óbvio.
É interessante, mas nós adoramos fingir que o que é não é e que o que nós gostaríamos que fosse – que evidentemente não é – é o que aparece como sendo.
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Parece conversa de jogador de futebol: “Comigo ou sem migo, nós acabemos fondo, porque o professor falou que era para fazer assim, e nós fizemos como ele disse pra fazer, só que ao contrário, hararando uma outra situação no ponto futuro, que fez não ser o que estava planejado, mesmo hajando todas as possibilidades”.
Os ipês rosas estão aí, brilhando seus galhos floridos em cachos deslumbrantes, cheios, gordos, balançando ao vento.
Diz o ditado que quem pode mais chora menos. É verdade, mas a pergunta que fica é: quem pode mais?
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Será que os ipês são mais bonitos do que as paineiras, que este ano deram um show à parte? Parece que os ipês chegam com força, como escola de samba que já entra na avenida com a certeza de que vai ganhar.
O problema é que, da mesma forma que a escola de samba acha que vai ganhar, mas nem sempre ganha, os ipês não estão tranquilos. Em primeiro lugar, porque as floradas anteriores foram especiais e, em segundo, porque ninguém sabe como virão as floradas depois deles.
Neste momento, os ipês rosas estão dando show e, pelo que vamos vendo, estão na disputa. Alguns estão simplesmente deslumbrantes, mas nem todos já floriram. Isto pode comprometer o conjunto e aí os outros ipês não vão perdoar, até porque chegam depois. Seja como for, quem ganha é a cidade. As flores tapam os buracos dos olhos e isso não tem preço.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.