As cerejeiras floridas
As cerejeiras nunca aprenderam a fritar hamburger, nem fazem churrasco, nem gostam de uma pinguinha. Para elas, o solo amigo, não muito duro, é suficiente para ser feliz.
Ficam felizes em fazer a sua parte. Crescem, florescem e se reproduzem como se espera que as plantas façam.
A vida delas é monótona? Não sei. Seus galhos servem de poleiros para as aves e os sabiás são famosos por trazerem notícias do mundo, contadas por outras aves que encontram em seu caminho.
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E os sabiás são falantes. Soltam o canto com a sem cerimônia de quem se acha dono do mundo e que nesta vida não existe maldade, nem ciúme, nem inveja.
Mal sabem eles, mas serem como são é uma vantagem para as cerejeiras. Pousados nos seus galhos, os sabiás cantam a vida e contam o que se passa longe e o que se passa perto, mas do outro lado do morro, onde a visão das cerejeiras não chega.
E não são apenas os sabiás que falam com elas. Tem uma alma-de-gato que adora pousar nos seus galhos e balança a cauda, enquanto faz um resumo do dia, e as cerejeiras avaliam se os sabiás falaram a verdade.
Diz a lenda que os sabiás não mentem, mas vai saber… nestes dias de redes sociais, nem sempre o que parece verdade é verdade e muitas vezes as pessoas não checam as informações que recebem.
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Ainda que a maioria dos sabiás não faça isso, pode ter algum que acredite em tudo que recebe e passa para frente sem checar ou mesmo pensar se a informação pode ser verdade.
Ao contrário do que parece, as cerejeiras têm vida agitada. Por isso não se preocupam em fritar hamburgers. Elas são amigas de todos. Por isso florescem maravilhosamente nas avenidas de Washington, D.C.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.